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A inteligência humana na Fé: Essencial.

murdochwilliam28



Tenho ouvido e lido recentemente em artigos e  pregações que o que mais importa é sentir a presença e o  afeto de Cristo, muito mais do que considerações intelectuais e argumentação lógica. Realmente pondo o intelecto em segundo plano!

Concordo que para um cristão mais simples é o que resta, a Fé sem aprofundamento intelectual. Mas para a permanência da Fé de cristãos mais informados, são os pensamentos, a lógica e a argumentação que sustentam sua Fé na Igreja Católica. Afinal quem criou o homo sapiens foi Deus. A esta é a nossa principal diferença dos animais, ter inteligência. A vontade deveria seguir a inteligência.

Caso contrário a nossa religião seria apenas um conjunto de superstições e começar do fato de Jesus ser Deus e de Ele ter ressuscitado. Como saber que é verdade?

Já São Pedro dizia que cada cristão deve ser capaz de explicar sua Fé aos outros. Explicar significa usar seu intelecto e atingir o intelecto do outro. Não vou explicar minha Fé dizendo ao outro o que eu apenas sinto. Porque em muitos momentos a nossa Fé vai ser vivida sem que sintamos nada. Isto é, aliás, muito comum na vida de santos famosos como a Madre Teresa de Calcutá, que passou anos de “escuridão, sem ter sentimento sobre sua Fé (o que a Igreja chama de “consolação”). Restava a ela manter a Fé porque SABIA que era verdadeira. E saber não é sentir. O saber pode levar ao sentir. Mas podemos saber sem sentir.

Eu afirmo que a Igreja Católica de hoje dependeu do intelecto para sua existência. Digo e repito até com mais intensidade. A Igreja Católica dependeu exclusivamente do intelecto para subsistir e se mostrar verdadeira. Intelecto este iluminado pelo Espírito Santo, que foi o caminho que Deus encontrou para propagar a Fé.

Só para citar exemplos, a Igreja no início teve doutrinas heréticas tais como o Marcionismo e o Montanismo. Um via uma religião que tinha de ter rigor excessivo.

Foi a época vivida pelos Santos Padres que usaram a inteligência para criarem a Teologia como a conhecemos hoje. Dadas as muitas heresias que surgiram no início da Igreja e que nada mais eram do que tentativas de explicar o Cristianismo. Os hereges incialmente agiam de boa fé.

 São Justino e Santo Irineu, principalmente este, escreveram tratados contra aqueles hereges.

 Quanto a São Justino, ele era pagão e não teve contato com o Cristianismo por família. Ele era um filósofo e veio a ter aproximação do Catolicismo quando estudava as muitas filosofias em busca da Verdade e foi pelo intelecto que se converteu à nossa religião. Caso interessantíssimo!

Sobre Irineu, escreveu tratado com 5 volumes. E o que estava nestes cinco volumes? Argumentos, comparações entre trechos da Escritura e demonstrações da verdade da tradição. Portanto estes tratados eram baseados em argumentações apoiadas na tradição e nas Escrituras. Mas eram argumentos.

No fundo as muitas heresias que se seguiram acabavam por desprezar a matéria como indigna e a alma como o que importava. Sendo assim Jesus jamais poderia ter tomado corpo humano de verdade. Seu corpo era apenas uma fantasia.  Para outros a Trindade era o mesmo Deus com personagens criadas conforme a necessidade. Não havia um Deus em três pessoas. Era um Deus e uma pessoa.

Depois vieram os arianos, nascidos de bispo da Igreja, para os quais Jesus não era Deus. Era uma criatura de Deus... Esta seita chegou a ser majoritária na Igreja e hoje seríamos todos arianos não fossem alguns santos bons de lógica e argumentação: Orígenes, Atanásio, Tertuliano... Orígenes até cunhou uma palavra usada até hoje (homousios)( ὁμοούσιος) - consubstancial.

Aliás os  credos que professamos nas missas atuais praticamente refletem os resultados deste combate aos hereges, combates estes que só foram vitorisosos por argumentação convincente, baseada na Tradição e nas Escrituras. Mas, antes de tudo, argumentações intelectuais, assistidas pelo Espírito Santo.

Vários destes santos influenciaram em Concílios convocados exatamente para acabar com as heresias, que só podiam ser combatidas com argumentação e lógica, como se pode ver nos primeiros seis Concílios Ecumênicos da Igreja.

Depois vem Agostinho e Ambrósio que encontram os maniqueístas, cuja heresia é perigosa e até hoje circula ao nosso redor: dois deuses, um que gera o Bem e outro que gera o Mal...

Estes argumentos e lógica fundamentaram o que se chama hoje de Teologia.

Evidentemente uma pessoa pode saber tudo de Teologia e ser um ateu. Saber intelectualmente teologia não significa que a pessoa seja uma cristã exemplar.

Mas um cristão com boa base de Teologia, pode purificar sua Fé e se tiver vida de oração aí, sim, poderá sentir a presença de Deus com a convicção de que não se trata de susperstição, mas do Deus verdadeiro se aproximando com sua graça! (E até isto era posto em questão e teve de ser “argumentado”... sobre o fato de Deus ser primeiro no nosso contato e não o oposto!)

 Claro que saber tudo isto reforça minha Fé, aumenta minha gratidão, me “obriga” a uma resposta mais pessoal!

Portanto é importante, sim, alimentar a Fé com a lógica e bons argumentos já vividos pelos Padres da Igreja. Vale a pena estudá-los. Muitos deles sofreram para defender suas IDÉIAS, muitos com a própria vida.

A inteligência é um dom de Deus.

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