Este blog eu ia fazer sobre a pobreza e seu conceito bíblico. Mas achei numa parte da homilia de Dom Henrique Soares num 4º. Domingo do tempo comum abordagem muito melhor do que a minha seria. Até pela autoridade maior de um Bispo dono de clareza ímpar e conhecimento de Eclesiologia. Vale a pena ler o último exemplo que ele usa para se ver sua visão misericordiosa do povo. No fim dou o link, porque ouvi-lo fica melhor. Eu resumi esta parte escrita.
Na Bíblia, em primeiro lugar, o pobre é aquele que não tem do que viver, o pobre é aquele que é desvalido, que é dispossuído, o pobre é aquele que sofre, muitas vezes, o fruto da opressão, a opressão dos grandes sobre os fracos sobre os pequenos.
Os profetas em geral, têm palavras muito duras contra aqueles que oprimem os pobres.
Deus condena a insensibilidade, a opressão dos grandes de Israel sobre os fracos, sobre os pobres.
Portanto, pobre é, primeiramente, aquele que não tem do que viver, aquele que
vive na penúria, e, em geral, essa penúria é fruto da opressão.
Mas pobre é também todo aquele que se encontra numa situação de aperto, de angústia, todo aquele que vive em uma situação limite.
O pobre é o doente, o pobre hoje seria aquele que está na UTI, o pobre seria aquele filho que sofre porque seu pai e sua mãe vivem separados, o pobre é o drogado.
Ou seja, o pobre é aquele diante de quem a gente diria coitadinho.
Esse é o pobre, então pobre é aquele que não tem dinheiro, aquele que vive na miséria econômica, mas pobre também é aquele que vive na miséria existencial, aquele que tem sua vida marcada pelo sofrimento moral, pelo sofrimento sentimental, pelos tantos sofrimentos da vida.
Você pode ver um exemplo disso no profeta Isaías, capítulo 38, versículos 9 ao 20.
É a oração do rei Ezequias, eu vou só dizer, você depois lê, está certo?
O rei Ezequias teve uma doença grave e o profeta Isaías foi lá dizer a ele que ele iria morrer.
Então o rei, do fundo da sua angústia, reza ao Senhor.
Está aí, o rei Ezequias tão rico de dinheiro, o rei Ezequias tão rico de prestígio, de poder, mas é um pobre diante de Deus, encontra-se fragilizado às portas da morte.
Então pobre são esses todos. Alguns outros exemplos de pobre, o miserável que não tem o que comer e nem onde morar, o pobre é aquele doente grave que vive no sofrimento, é o desprezado por causa de seus pecados como os publicanos, as prostitutas, então pobre é todo aquele que é desvalido.
Eu vou dar um exemplo, uma pessoa que é casada e então o seu casamento fracassou, não vou agora entrar no detalhe se foi por culpa da pessoa ou não, fracassou, o que é que o Senhor então esperaria dessa pessoa?
Que ela ficasse sozinha, que ela não se unisse à outra pessoa porque já é casada e o casamento é indissolúvel.
Mas aí vamos supor que essa pessoa não consiga, essa pessoa precise
realmente de alguém que lhe faça companhia e então entre numa segunda união.
Olha, claro que isso, dentro do mandamento de Cristo está errado, o casamento é indissolúvel.
Então esta pessoa que se separou e, não suportando a solidão uniu-se à outra, está errada, mas vamos supor que ela diga: “Senhor, tem piedade de mim, Senhor eu estou no erro, eu sei que estou errada, mas Senhor eu te amo e quero fazer o máximo para fazer a Tua vontade, tem misericórdia de mim”.
Essa pessoa vai à missa, essa pessoa reza, mas ela sabe que não deve comungar, ela sabe disso, ela sabe que não pode receber o sacramento da confissão, ela sabe mas é humilde, se penitencia diante do Senhor!
Veja, essa pessoa apesar de estar numa situação errada, é um pobre diante
de Deus e Deus olha, viu, Deus tem misericórdia viu, tem misericórdia e a Igreja ama essas pessoas, embora a Igreja não possa desobedecer a Cristo e fazer do jeito que Cristo proibiu, e não pode por exemplo fazer um outro casamento dessa pessoa.
Minha nota: Pena que Dom Henrique já estivesse falecido quando da publicação da declaração Fiducia Supplicans. Daria um bom exemplo, ao contrário de alguns bispos separatistas e orgulhosos e nada misericordiosos.
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