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Quanta preocupação!

murdochwilliam28



Vou tratar aqui da trabalheira que a Igreja tem, centralizada no Sumo Pontífice, quando tem de tomar providência sobre uma série de erros que algumas pessoas vão criando, publicando e que contaminam o povo cristão que fica sem saber se tal prática é condizente com sua Fé. A missão de pastor é dura!


A encíclica papal intitulada “Quanta Cura” foi emitida pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1864. Nela, o Papa condenou o que considerava erros significativos que afligiam a era moderna. Esses erros foram listados em um anexo chamado “Syllabus of Errors” (Sílabo dos Erros), que condenou o secularismo e a indiferença religiosa.


O contexto histórico por trás dessa encíclica é interessante. Em agosto de 1863, o Conde Charles Montalembert, um defensor do Catolicismo Liberal, proferiu uma série de discursos em Mechelen, Bélgica, nos quais apresentou sua visão sobre o futuro da sociedade moderna e da Igreja. Ele defendeu a cristianização da democracia e a aceitação das liberdades modernas. No entanto, essa visão não foi bem recebida por todos, e a encíclica “Quanta Cura” foi motivada, em parte, por esses debates.


No coração de uma Europa em ebulição, a notícia do lançamento da encíclica "Quanta Cura" pelo Santo Padre agitou as mentes e corações dos fiéis e não crentes. A expectativa fervilhava nas ruas, nas igrejas e nos salões de debate intelectual. Mas o que se seguiria não seria apenas uma reflexão teológica, mas uma onda de confusão e controvérsia que sacudiria a sociedade europeia.


A encíclica, com sua linguagem firme e suas diretivas claras, abordava questões de moralidade e política que rapidamente se tornaram motivo de disputa. A condenação de certas ideias e práticas modernas despertou reações apaixonadas de ambos os lados do espectro ideológico. O clamor era ensurdecedor.


Nos salões do poder político, a encíclica foi recebida com desconfiança e indignação. Líderes liberais viam-na como uma interferência indevida nos assuntos do Estado, enquanto conservadores a saudavam como um farol de orientação moral em tempos turbulentos. A divisão entre Estado e Igreja, já tensa, parecia atingir um ponto de ruptura.


Na sociedade civil, a encíclica gerou debates acalorados. Intelectuais se dividiram em defensores e críticos, cada lado argumentando apaixonadamente sobre o papel da religião na esfera pública e a interpretação adequada dos ensinamentos da Igreja. Nas ruas, manifestações pró e contra a encíclica se multiplicavam, refletindo uma sociedade polarizada e incerta sobre seu futuro.


Apesar das controvérsias e divisões, a encíclica "Quanta Cura" também inspirou momentos de reflexão e unidade. Em meio ao caos, muitos buscaram compreender mais profundamente os ensinamentos da Igreja e refletir sobre seu próprio papel na sociedade. Diálogos inter-religiosos e interculturais ganharam destaque, à medida que as pessoas tentavam encontrar pontos de convergência em meio às divergências.


Com o passar do tempo, a poeira da controvérsia começou a assentar. Embora as feridas causadas pela disputa ainda estivessem frescas, a encíclica "Quanta Cura" deixou um legado duradouro de debate, reflexão e busca por entendimento mútuo.


Na Europa, onde as tradições religiosas e seculares se entrelaçam há séculos, a encíclica se tornou mais uma peça no intricado quebra-cabeça da identidade cultural e moral. E assim, a sociedade europeia continuou sua jornada, navegando entre tradição e modernidade, fé e razão, em busca de um equilíbrio delicado que refletisse sua complexa tapeçaria de valores e crenças.


Anexo à encíclica veio o “Syllabus of Errors” que é uma listagem detalhada dos 80 erros a que os Católicos devem estar atentos.


O Syllabus pode ser acessado pelo seguinte link: https://www.papalencyclicals.net/pius09/p9syll.htm


Cito aqui os primeiros erros mencionados no documento:

  1. Não existe um Ser Supremo, todo-sábio, todo-providente, Divino, distinto do universo, e Deus é idêntico à natureza das coisas, e, portanto, sujeito a mudanças. Na realidade, Deus é produzido no homem e no mundo, e as coisas são Deus e têm a própria substância de Deus, e Deus é uma e a mesma coisa com o mundo, e, portanto, espírito com matéria, necessidade com liberdade, bem com mal, justiça com injustiça.

  2. Toda a ação de Deus sobre o homem e o mundo deve ser negada.

  3. A razão humana, sem qualquer referência a Deus, é a única árbitra da verdade e da falsidade, do bem e do mal; ela é lei para si mesma, e é suficiente, pela sua força natural, para garantir o bem-estar dos homens e das nações.


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