(Adaptação de uma homilia do Padre Mike Schmitz)
Existem basicamente três maneiras de falarmos sobre santos. Nas escrituras, São Paulo diz que qualquer pessoa batizada, qualquer um que esteja em Cristo é um santo. Se você foi batizado, foi consagrado, separado, tornado santo e dedicado ao Senhor para um propósito. E isso é incrível, né? Então, sim, santo nesse sentido significa basicamente qualquer pessoa batizada, todos os sagrados.
Porém, santo também pode significar alguém com "S" maiúsculo, que passou pelo processo de canonização, tornando-se oficialmente um santo. Santa Madre Teresa de Ávila e São Maximiliano Kolbe são exemplos desse tipo de santo, declarados pela Igreja. Essa é outra categoria de santo.
Mas entre esses dois grupos, o de todos os batizados e o dos santos canonizados, existe um grupo intermediário de santos. E basicamente, isso se refere a qualquer pessoa que esteja no céu.
As pessoas às vezes perguntam: "Ok, católicos, entendi. Vocês têm santos com esses três significados diferentes, ótimo. Mas por que vocês gastam tanto tempo, dão tanta ênfase e atenção a isto?"
É uma ótima pergunta. A resposta é: por que você olharia para uma escultura de Michelangelo? Por que você simplesmente olharia para Michelangelo? Por que você gastaria tanto tempo olhando para uma pintura de Van Gogh? Por que não olha apenas para Van Gogh?
A realidade, é claro, é que quando olhamos para a escultura de Davi de Michelangelo ou para as pinturas de Van Gogh e as elogiamos, não estamos apenas dizendo que a escultura é incrível, estamos dizendo que o escultor é incrível. Não estamos apenas dizendo que a pintura é incrível, estamos dizendo que o pintor é incrível. Então, quando louvamos a Deus pelos Seus santos ou pelas Suas obras, estamos dizendo: "Deus, Você fez isso! Porque é isso que Deus faz: Ele pega pessoas comuns e normais e as torna extraordinárias. É isso que significa ser santo: ser completamente natural, mas ter a graça de Deus dentro de si, vivendo uma vida real, genuinamente sobrenatural.
Na verdade, e essa é uma das minhas definições favoritas de santo, um santo é alguém que diz sim a Deus e nunca mais para de dizer sim.
Às vezes pensamos que ser santo está além do nosso alcance, mas na verdade é alguém que diz sim a Deus e nunca mais para de dizer sim. Temos tantos exemplos diferentes de santos ao longo da história da Igreja: pessoas que viveram vidas de grande inocência e pureza, e pessoas que viveram vidas bem difíceis e cheias de problemas.
Um exemplo de alguém que viveu uma vida de grande inocência e pureza é Santa Teresa, como vocês provavelmente já sabem. Ela entrou no convento aos 15 anos, mas na verdade ela queria entrar ainda mais jovem, pedindo permissão ao Papa. Ele disse não e a fez esperar até os 15 anos. Parece que ela era santa desde o início, que não precisava de ajuda para isso. Mas Santa Teresa precisava de ajuda, simplesmente para viver sua vocação. Ela entrou no convento porque tinha grandes aspirações de ser santa.
Ela chegou lá cedo, jovem, porque tinha grandes aspirações de ser santa. Mas quando chegou lá, percebeu que não tinha o que era preciso. Ela percebeu que não tinha força nem para rezar como as outras irmãs ali. Ela não tinha força para ser uma grande santa, simplesmente não tinha isso nela. Até adormecia quando devia rezar...
Mas ela sabia que, apesar de sua fraqueza, o Senhor ainda a amava, e essa fraqueza fazia parte da jornada dela para se tornar santa.
É isso que São João diz naquela segunda leitura: "Amados, somos filhos de Deus agora. O que seremos, nem sequer o sabemos ainda. No céu, nem sequer temos ideia ainda, mas agora mesmo você é filho(a) de Deus." Então, se você falha, o que você faz? Você permite que seu pai a pegue no colo. Se, como Teresa, adormecemos, o que fazemos? Não nos martirizamos, mas permitimos que nosso Pai nos segure. E foi isso que ela fez. Ela permitiu que Deus a segurasse em sua fraqueza.
Uma das imagens que ela usou: algumas pessoas são incríveis, grandes montanhistas, fortes, poderosas, aventureiras e capazes de escalar montanhas. Mas ela disse: "Eu sou pequena e fraca, e nunca poderia fazer isso."
Eu quero ir ao topo da montanha, mas o que vou fazer é deixar o Senhor, em sua graça, ser como o elevador que me leva da base da montanha até o cume. E ele quer fazer isso.
A mesma coisa vale para nós. Em sua fraqueza, Deus quer o céu para você.
Ao invés de ficar desanimado com sua fraqueza, seus fracassos ou seus pecados, permita que o Senhor te cure, que o Senhor te levante, que o Senhor te perdoe. Novamente, um santo é alguém que diz sim a Deus e nunca para de dizer sim. Isso significa que nos dias em que você aparece para orar, está dizendo sim. Continue dizendo sim. Nos dias em que você cai e naufraga sua vida e precisa se confessar, ele está te chamando para a confissão. Simplesmente diga sim.
Lembro-me de pensar em Hebreus, capítulo 12. Quando o autor diz que estamos cercados por esta grande nuvem de testemunhas, ele fala de pessoas que já correram a corrida. Elas não podem correr a corrida por você, elas não podem te dar a coroa dos Santos, elas já correram a sua própria corrida, mas o que elas ainda fazem? Elas ainda nos incentivam, elas ainda nos impulsionam, elas ainda intercedem por nós, elas ainda nos ajudam. Estamos cercados por esta grande nuvem de testemunhas.
Que um dia, seus filhos, seus netos e seus bisnetos possam dizer no dia de Todos os Santos: "Este é o dia de festa da mamãe, este é o dia de festa do papai, este é o dia de festa do vovô, este é o dia de festa da vovó".
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