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SÉCULO 21: DIFÍCIL MANTER A FÉ

  • murdochwilliam28
  • Jun 5, 2024
  • 3 min read


Nossa síntese teológica não resiste à visão cósmica e antropológica que nos dão as ciências. As investigações sobre a origem do homem e do mundo ficam muito longe dos dados da Escritura, apesar de hoje afirmarmos que a Bíblia não pretende dar explicações científicas

Isto é apenas um dos dados que pode levar um cristão ao secularismo...

São novas provações em novos desertos os desafios que a fé enfrenta no mundo contemporâneo. Embora a rota da fé sempre tenha sido árdua, os obstáculos se intensificaram em nossos dias. A Igreja se encontra em um novo deserto, onde os peregrinos enfrentam provações como:

  • Desalentos por eclipses de Deus: A fé é abalada pela sensação de distanciamento de Deus, como se Ele estivesse se escondendo.

  • Novos "deuses" que competem por adoração: Diversas ideologias e filosofias surgem como alternativas à fé tradicional, exigindo devoção e adesão.

  • Tentação de abandonar a fé: O conforto e a segurança do "Egito" da incredulidade podem parecer mais atraentes do que a árdua jornada da fé.

  • Desmoralização de crenças e costumes tradicionais: A ciência moderna oferece explicações para fenômenos antes atribuídos a Deus, questionando a necessidade de crenças e práticas religiosas tradicionais.

  • Risco de confundir o mágico com o sobrenatural: A linha entre o que é científico e o que é sobrenatural pode se tornar tênue, levando ao descarte indiscriminado de tudo que não se encaixa em explicações racionais.

Reconheço as contribuições da ciência para a compreensão do mundo, mas ressalto que ela não pode responder à questão fundamental da existência humana: o sentido da vida. A fé oferece respostas a essa questão existencial que a ciência não pode alcançar.

Vejo também, com grande intensidade e sem necessidade de convencimento, um ateísmo prático, que se manifesta na indiferença e no abandono da fé sem grandes debates ou argumentações. Antes, no início do ateísmo combatente, havia debates e argumentações que, pelo menos, esclareciam as posições. Agora, nada. A simples indiferença diante de Deus.

Essa atitude pode ser mais prejudicial do que o ateísmo sistemático, pois se infiltra na vida das pessoas de forma sutil.

Há também desafios teológicos. A teologia tradicional enfrenta dificuldades para se adaptar à visão cósmica e antropológica proporcionada pelas ciências modernas. As explicações científicas sobre a origem do universo e do homem muitas vezes divergem da narrativa bíblica, gerando questionamentos e dúvidas entre os fiéis.

Destaco o contraste entre os métodos científicos, com sua clareza e objetividade, e os métodos teológicos, que se baseiam em analogias e símbolos. Essa diferença pode gerar desconforto e insegurança naqueles que buscam conciliar fé e ciência.

Para superar os desafios da fé no mundo moderno temos a premente obrigação de amadurecer a fé pessoal, construindo uma síntese coerente entre as descobertas científicas e a crença em Deus. Essa síntese deve ser elaborada individualmente, não se baseando apenas em ensinamentos religiosos tradicionais.

Para ajudar nesta síntese, vejo que as dificuldades da fé podem levar a uma purificação da imagem de Deus, eliminando conceitos errôneos e fortalecendo a fé autêntica. Essa purificação, repito, exige um processo de discernimento e maturidade individual.

Conclusão:  Peçamos a Deus a graça de sermos capazes de realizar esta análise profunda e reflexiva dos desafios que a fé enfrenta na sociedade contemporânea. Uma jornada de reflexão individual, buscando fortalecer nossa fé e construir uma relação autêntica com Deus, mesmo diante das dificuldades e questionamentos do mundo moderno.

Depois do desconcerto virá a maturidade, quer dizer, uma síntese coerente e vital, elaborada pessoalmente, não extraída dos manuais de Teologia: síntese em que se fundem os progressos das ciências com uma profunda amizade com Deus. Enquanto isto, este período que estamos atravessando ajudará a purificar o conceito de Deus. A fé, como diz Martin Buber, é uma adesão a Deus, não, porém, adesão a uma imagem que se formou de Deus, nem uma adesão à fé “do” Deus que alguém concebeu, mas adesão ao Deus que existe. (De “Mostra-me teu rosto” de I. Larrañaga.)



 

 
 
 

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