"Vida miúda, vida pequena."
- murdochwilliam28
- Mar 8, 2024
- 2 min read
Vida miúda, vida pequena
Estes termos eu os ouvi primeiro de Dom Henrique, querendo definir a parte da vida diária que nós temos que parece insignificante.
Pois é, esta vida miúda é a que mais horas tem do nosso tempo, creio que até mais que as horas dormidas.
Nossa vida às vezes parece longa, às vezes curta. O que vai definir isto é como está passando o nosso dia. Por observação vejo que muita gente não tolera o tempo vazio, livre. Tem de ocupar com alguma coisa, senão ele não passa. Quando se está trabalhando, a bênção é que boa parte do tempo já vai ser consumida na atividade, a não ser que ela seja monótona. A chegada dos smartphones e redes sociais fez diminuir muito a percepção do tempo livre, vazio. A vida pequena pareceu se encher de muitas informações, opiniões, contatos e amizades.
Me ocorreu que a santidade tem de ocorrer principalmente no que acontece na vida miúda. Claro que em grandes ocasiões de conversão, eventos sacramentais, temos um ápice da graça divina. Mas quanto duram estas cerimônias? Eventuais êxtases? Minutos. Minutos.
Nossa santificação será efetiva pelo uso da graça precisamente nesta vida miúda. Por isso é que os monges ocupavam-na com plantações no campo, e, enquanto plantavam, rezavam. Horas e horas. Uma vida miúda pleníssima da graça!
Penso, portanto, que um grande meio de nossa própria santificação é nós usarmos intencionalmente algum tempo de silêncio meditando. Ou ouvindo alguma boa homilia mas deixando tempo depois para meditar no que ouviu. Interiorizar.
Se investir tempo nas redes sociais, pedir a graça de evitar de ir escrevendo por impulso e refletir se se pode agregar algo de bom, ou, pelo menos, cortar o que é mau. Porque também é neste tempo vazio que ocorrem tentações. Se bem ocupada, a vida miúda fica mais limpa, agradável a Deus e bem significativa, apesar de ser pequena. Se mantivermos um mínimo de atenção à graça, ela nos induzirá a fazermos orações, a nos lembrar da presença de Jesus, a dedicarmos a Ele até uma eventual monotonia. Principalmente se estivermos enfermos, presos em uma cama ou sem acesso às nossas coisas. Aí mesmo é que devemos meditar mais. Deus nos ajuda nisto. A santidade vem daí. Do dia a dia. Da vida miúda.

Comments