Muito interessante a história de Zaqueu... Mostra uma sintonia de graça e de resposta a ela admiráveis.
Vamos imaginar que acontecesse conosco.
A gente estava fazendo nossos negócios mas, de alguma maneira, tínhamos ouvido falar de Jesus. Ou, quem sabe, numa sinagoga, o vimos ao longe. Mas, com certeza ouvimos coisas boas desta pessoa. Até curava doentes. Portanto era alguém especial. Qualquer um teria a curiosidade de vê-lo de mais perto.
Pelo que sabemos de Zaqueu, era um homem rico, cobrador de impostos, de baixa estatura, e com habilidade de escalar árvores. Mas não parece alguém que precisasse de Jesus para ser curado de alguma enfermidade física.
Então sua aventura de subir o sicômoro para ver Jesus era uma empreitada. O sicômoro, também conhecido como figueira-do-faraó ou figueira-doida, é uma espécie de figueira nativa da região do Mediterrâneo e do Oriente Médio.
Não é nenhum arbustinho, não. É uma árvore de grande porte, podendo atingir até 20 metros de altura, com uma copa ampla e densa.
Portanto o nanico do Zaqueu, que também não era nenhum garoto, correu risco para subir naquela árvore para ver Jesus.
Antes de subir deve ter tentado, ali mesmo na rua, ver o tal Jesus. Só que a multidão em volta bloqueou sua visão. Neste caso foi uma grande vantagem ser baixinho e tomar a iniciativa que ele tomou.
Agora o mais intrigante. Jesus vem chegando. E Zaqueu o consegue ver bem. Algo ocorreu com ele. Deve ter-se emocionado, deve ter sentido alguma coisa fora do normal... ainda mais quando Jesus parou, logo ali, embaixo do sicômoro. Se algum galho fez barulho ou não, ignoramos. Talvez Zaqueu quase tivesse caído da árvore. Mas o fato é que Jesus olhou para cima... E que olhar deveria ter sido!!!
O que também não imaginamos é como Jesus sabia o nome dele... usado logo no início de sua divina fala: “Zaqueu, desce daí. E quero jantar em sua casa!”
Ora esta, que inesperado!!! Um homem que costuma ser desprezado por seus conterrâneos ter esta gentileza do Rabi!!
Quase que Zaqueu despenca! Ter sua casa convertida em sacrário por sugestão do Mestre!!!
Novamente vemos a ação de sua graça divina agindo sem contrapartidas ou chantagens! O resultado foi fulminante, mas o início foi sem exigências. Jesus não disse alguma coisa do tipo “sei que você é um cobrador desalmado e que tem explorado o povo. E quero que se converta e devolva o que roubou, antes de eu entrar em sua casa. Se não devolver, não irei!”
Jesus foi e o homenzinho se converteu pelo simples olhar e pela simples presença de Nosso Senhor. Como estes deviam ter sido marcantes e envolventes. Assim, sua casa, sua família se salvou. Que jantar, que presença!
Século 20. Por acaso Aninha e eu vivemos uma situação semelhante, mantendo as proporções, naturalmente. Foi quando um meu amigo e professor das Faculdades Anchieta veio nos visitar em casa, na Urca. Tratava-se do Padre Mendes de Almeida S. J., depois Dom Luciano. Nas poucas horas em que ficou para o jantar, sua simples presença despertou em nós aquele desejo de doar tudo, de apoiá-lo em tudo o que ele precisasse. Ele não pediu nada. Só estou reportando o fato de que sua simples presença irradiava um clima de santidade e de paz. Muito intensas. Irradiava a graça de Deus. Com certeza ele é hoje um santo. Falta apenas a Igreja reconhecer.
A outra vez (e última, por enquanto) em que tivemos experiência semelhante foi quando seguramos a mão do Papa João Paulo II em Roma. Minuto que pareceu eternidade.
Para fechar este post cabe lembrar que tive outra bênção de Deus, gratuita, importante e que veio como novamente a presença de Dom Luciano, o Padre Mendes de Almeida. Eu estava em Santo André, SP, dando treinamento para uma empresa. Curso de 2 dias. Na manhã do segundo dia, cedo, recebi a notícia do falecimento de papai. Portanto tive de fechar tudo e pegar um avião de volta ao Rio, de manhã em Congonhas.
Imagine meu estado emocional, sabendo da morte do querido papai e nem podendo extravasar minha emoção!
Pois não é que no aeroporto, entre aquele monte de gente que embarca em voos matinais, encontrei o Padre Mendes, que me ouviu, me deu suporte, que rezou comigo... Cada vez devo mais a Deus!
Voltando ao Zaqueu, que Jesus se convide, quantas vezes quiser, para jantar em nossa casa. E que correspondamos a esta graça com máxima generosidade!
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